Às 15.35H esperamos por si. Na Galeria da Associação 25 de Abril.Uma forma de partilhar Abril. No desenho, um original numerado e assinado, está colada uma pequena relíquia de há 35 anos: um pedacinho de película das instalações da RTP de então, ao Lumiar.
Enfim, Abril de mão em mão.
Abril de mãos dadas. Pedindo por mais Abril!
Mais Abril. Abril para muitos mais, como dizemos no catálogo da nossa exposição. Como o disse, com emocionadas lágrimas, lágrimas de Abril, o meu querido amigo e camarada Marques Júnior!
Para ele e todos os militares que há 35 anos saímos à rua, um imenso abraço de Abril!”
A todos muito obrigado e…. até já!
ÚLTIMA HORA
Na oferta dos 35 desenhos, está incluída a surpresa que acabámos de ter:
– O nosso querido amigo Pe Anselmo Borges reproduz, hoje, na sua coluna, no Diário de Notícias, a magnífica intervenção com que nos brindou na inauguração da Exposição. Mais palavras para quê? O nosso WEBANGELHO, ao vivo!
Muito obrigado, outra vez, Pe Anselmo Borges:
35 anos depois
por Anselmo Borges
Hoje é como se vivêssemos ( ou vivemos mesmo?) numa democracia deprimida. Que se passou?
In Diário de Notícias, 25Abril 2009
Para a abertura da exposição “Abril, ânimos mil”, na Galeria da Associação 25 de Abril, em Lisboa, António Colaço desafiou-me para um intróito: “De que falamos, quando falamos de ânimo?”
1. A identidade humana é narrativa. Mas a história narrada de cada um(a) é sempre incomensuravelmente incompleta, pois seria preciso narrar a história do universo todo, donde vimos e onde somos, até ao big bang – a grande explosão. O universo é dinamismo, que se vai configurando em estruturas cada vez mais complexas, numa história com 13.700 milhões de anos e aberta.
De que falamos, quando falamos de ânimo? Deste dinamismo cósmico que se autoconfigura, da cosmogénese, da biogénese, da hominização. Deste dinamismo em luxo e luxúria, presente em milhares de milhões de galáxias e em expansão.
2. A estrutura mais complexa que conhecemos é o Homem. De que falamos, quando falamos de ânimo? Do Homem, no dinamismo da liberdade, com duas possibilidades: liberdade criadora e liberdade destruidora. O dinamismo do mundo, agora consciente e livre, na e pela relação, constrói; curvado sobre si mesmo, devora-se e destrói.
3. De que falamos, quando falamos de ânimo? Do amor cósmico, esse amor que tudo move, como disse Dante. É também esse amor – energia e dinamismo – que une a história dos povos. Por causa da liberdade, também eles criam e dinamizam ou oprimem e destroem.
De que falamos, quando falamos de ânimo? Também falamos da Revolução dos Cravos, de Abril. Foi o júbilo do “dia inicial inteiro e limpo”, sob o desígnio de democratizar, descolonizar, desenvolver.
E assim se fez, mesmo se a descolonização foi inevitavelmente dramática, a democratização feita aos solavancos, o desenvolvimento, pouco e sobretudo pouco racional. Mas o que éramos e o que somos!… Não há nada que pague a liberdade, a democracia, recuo do analfabetismo, fraternidade de povos, igualdade de homens e mulheres. É disso que falamos, quando falamos de ânimo.
3. Mas, hoje, é como se vivêssemos (ou vivemos mesmo?) numa democracia deprimida, quase impotente, sem ânimo. Que se passou?
Ele foi a sofreguidão do ter sobre o ser, na ganância louca do consumo de teres, na perda de valores fundamentais, da honra, da dignidade e do espírito. Continua vivo o individualismo dos portugueses: não conseguimos interiorizar que o que é bom para Portugal é bom para mim. A situação do ensino não é felicitante. Ah!, aquela abertura apressada e sem critério de Universidades, para ganhar eleições! O fosso entre os muito ricos e os muitos pobres é cada vez mais fundo e parece que o maior da União. A corrupção campeia. Quem acredita ainda no sistema judicial? E os jovens desinteressam-se pela política, como que para evitar um lugar mal frequentado. Que Abril foi esse que, passados 35 anos, ainda permite 2 milhões de pobres? E quem sabe o que vem aí?
Ainda é de ânimo que falamos, quando o que nos visita é o desânimo? Sim, é ainda de ânimo, se o desânimo se tornar força dialéctica para a sua autosuperação.
5. O que aqui nos trouxe foi a arte. Sem beleza, não há salvação. O artista imita a natureza: não a natureza naturada, mas a natureza naturante, o dinamismo e o ânimo que habitam o universo enquanto força criadora originária. O artista é, por isso, génio: gera beleza a partir da fonte dinâmica do mundo e anima a esperança.
O mundo não é estático: está em processo e é processo. As suas possibilidades ainda se não esgotaram, e essa é a razão por que o ânimo não é apenas psicológico, mas ontológico, da ordem do ser. O processo do mundo ainda não transitou em julgado. Abril também não. Caídas as máscaras, poderemos reencontrar o ânimo daquela manhã primeira. Se foi possível no passado, porque não há- -de sê-lo no presente e para o futuro?
A beleza abre ao futuro e à Transcendência e é promessa de ânimo, mesmo quando faz falar a arma da crítica e da sátira político-social. É disso que falamos, quando falamos de ânimo.
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Até já, na Galeria!
antónio colaço
[…] todos os que tornaram possível esta exposição, à cabeça, o meu querido amigo Padre Anselmo Borges -releia no link a sua luminosa intervenção na inauguração da Exposição, e que ele acabou por […]
By: MUITO OBRIGADO A TODOS « on 11 de Maio de 2009
at 18:16
[…] mais palavras. Tudo o que devia ser dito encontra aqui.E aqui! E, claro, a Palavra sábia e amiga do meu querido amigo Pe Anselmo Borges! A todos, Obrigado, outra […]
By: ABRIL, ÂNIMOS MIL.(Toda a exposição online) « on 27 de Maio de 2009
at 18:45